28 de dezembro de 2010

Poesia de Alfredo Heitor Tomo III: Compilação de dois poemas

Ficam aqui dois poemas da fase mais triste da carreira poética de Alfredo

Sai


Eras mais forte
E eu tão impotente
Implorava-te
Pedia-te
Distância
E tu, minha puta
Sempre a foder-me o juízo

Nunca te quis
Nunca gostei de ti
Nunca gostei da tua companhia
Nunca gostei da tua presença
Que bela merda me saíste

Expulsei-te uma vez
Voltei a expulsar-te
E mais uma vez
E mais uma vez
E outra

Não me perdoavas os excessos
E eu
Pobre
Lá levava contigo de novo
Até começavas a cheirar mal

Morre longe
Diarreia


Cão 

Era uma vez
Um cão
Não tinha nome
Era da rua
Não tinha raça
Era da rua
Não tinha dono
Era da rua

Tinha o pêlo castanho
Rafeiro
Não tinha pulgas
(pelo menos que se visse)
Era simpático
Tinha a língua de fora
Queria brincar

Atirei um pau
Ele foi buscar a correr
Veio um carro e atropelou-o, passou-lhe por cima da cabeça esmagando-a, fazendo jorrar sangue pela estrada. Como ia a alta velocidade, o incidente levou a que o carro guinasse e saísse para fora da estrada. Como a valeta era funda, o carro capotou e o acidente causou morte imediata aos cinco passageiros.


19 de dezembro de 2010

E-mail ao Pai Natal

Senhor Pai Natal, espero que este e-mail o encontre bem de saúde e com os níveis de felicidade nos seus píncaros.

Em primeiro lugar, quero demonstrar a minha solidariedade para alguém que tem mais cópias que os ténis da nike. Acredito que seja uma situação incómoda, essas frequentes apoderações da sua identidade e portanto manifesto-me solidário e pronto para espancar alguns pais natais falsos que me surgirem pela frente em superfícies comerciais.

Em segundo lugar, gostaria de apresentar o meu desagrado para com as presentes com que me tem presenteado nos últimos anos. Quando era criança, ouvia na escola que devíamos pedir coisas como paz no mundo, fim da fome e afins. Como bom menino, sempre incluí isso nas minhas cartas e nunca tive o prazer de as receber. Compreendo Pai Natal que fossem pedidos megalómanos e que não estivessem nas suas mãos e como tal deixei de os incluir. No entanto, a chave do Euromilhões, a morte do Tony Carreira e a criação um método eficaz de copiar nos testes não devem ser coisas tão complicadas para um homem que desafia as leis da física e os fusos horários, conseguindo estar em todos os locais do mundo à meia noite. Apesar de ter recebido coisas úteis nos últimos anos, estas três fariam de mim uma pessoa muito mais feliz.

Em terceiro lugar, queria fazer os meus pedidos para este ano:

-A morte de uma determinada docente do departamento de letras da UTAD cujo primeiro nome começa por uma vogal (não digo mais porque não sei quem lê isto mas acredito em na sua omnisciência, Pai Natal, para saber quem é o ser que me atormenta);

-Um golpe de Estado que transformasse Portugal numa monarquia da qual eu seria o legítimo dono do trono;

-Uma jovem de 19 anos, cabelo escuro, 1.65m, olhos verdes, raça caucasiana mas com um tom de pele moreno, medida de sutiã: 36C, magra e com o traseiro saliente, que goste de futebol, saiba cozinhar, seja inteligente, tenha bom sentido de humor e perceba de política;

-2 barris de cerveja.

Antes de terminar queria também mostrar o meu apoio nessa luta que trava pelo domínio do Natal contra o Menino Jesus, esse Peter Pan com 2010 anos e com pais bem colocados, portanto o protótipo do poder instituído.

Os melhor cumprimentos,

Sansão Gomes

PS: Se não for pedir demais, agradecia que a jovem fosse muito boa na prática do sexo oral

14 de dezembro de 2010

Apelo ao Salzarismo

Sempre ouvi os antigos dizer que no tempo do Salazar "podíamos ser pobres mas ao menos havia respeito". Era da minha opinião que termos a oportunidade de fazer 4 refeições diárias era mais importante do que haver respeito. Pobre de mim, tinha os olhos fechados para a vida.
Aqui há dias, quando comemorei 20 anos estava no Baca Belha e conheci um senhor. Esse senhor chamou-nos caralhos, mostrou a pistola, chamou filho da puta a um amigo dele, disse que um dos capões tinha a pila pequena (Diogo Lima (ou Menezes, porque também há quem te conheça assim), vou preservar o anonimato da tua identidade para não gozarem contigo. Deves-me uma) e explicou-nos que para ele não há nada mais importante que o respeito (também nos ensinou uma técnica de partir nozes que utiliza o indicador direito e a mão esquerda). Não só fiquei elucidado sobre o respeito como tive o meu melhor aniversário de sempre.
Além do respeito o Salazarismo impôs outras coisas que faltam no Portugal socrático. O assassinato de Humberto Delgado, o general sem medo era algo que podia ser seguido pelo actual governo, a fim de tornar a oposição coerente. Senão veja-se, Passos Coelho, depois de morto seria muito mais coerente e clarividente nas suas ideias. Também a Mocidade Portuguesa é um case study da história portuguesa. Um conjunto de jovens de calções, suspensórios e extremamente religioso que é bastante respeitado é uma enorme chapada de luva branca nos escuteiros.
Por fim, enumero algumas semelhanças do actual regime com o Estado Novo:
-No Estado Novo havia o Tarrafal, hoje em dia há o túnel do Estádio da Luz. A diferença é que no Tarrafal os agentes de autoridade batiam nos dissidentes políticos, no túnel do Estádio da Luz os agentes de autoridade são agredidos por dissidentes futebolísticos (como dissidentes futebolísticos entenda-se jogadores que dissidiram do bom futebol).
-Ambos os governantes têm uma parte branca nos olhos
-No tempo do Salazarismo os socialistas encontravam-se espalhados pelo Mundo, devido ao exílio. Hoje os boys do PS encontram-se espalhados pelas empresas públicas.

Sem título

Era uma vez um concelho em que a única unidade de saúde encerrava às 22 horas, ou às 20 se fosse fim-de-semana. O Presidente da Câmara dizia que agora é que o concelho estava bem servido. E tinha razão. É do senso comum que não há doenças a atacar pela noite, até porque o cancro vê mal no escuro e a gripe, sabe-se, não sai à noite desde que a mãe a proibiu de se encontrar com o H1N1.
Esta medida satisfazia a população. Em primeiro lugar a ausência de tratamento piorava a saúde e não há nada que dê mais gosto a um português que queixar-se da sua saúde no café. É isso e falar de futebol, sendo que aqueles que se queixam da saúde são os que têm este género de comentários: "Com esta equipa não ganhamos nadinha. Este gajo é um burro (falando do treinador, que tem um curso, títulos e que lida com os jogadores ao longo da semana, conhecendo-os como ninguém). Tem é que meter o jogador X." Quando o jogador X vai entrar o comentário é: "Olha, vai-me meter este gajo, assim não vai mudar nada".
Além disso, o capital que era poupado com os cortes na Saúde era investido em grandes acções como sardinhadas ou eventos com febras. Primeiro combate-se a fome, depois a doença. É uma questão de prioridades.

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