12 de novembro de 2012

Fernado, o essencial

Estávamos os dois demasiado enjoados com aquela sandes de atum para puxar o assunto. A casa das sandes devia ser processada dizia ela e eu com aquilo para lhe dizer.
Fomos até casa dela debaixo de chuva, a tortura, a mayonese às voltas eram impulsionadas com o bater das pingas no guarda-chuva. Nunca me sentira assim, enjoado e sem conseguir vomitar. No fundo era uma metáfora de mim, tinha que falar e não conseguia. E na escuridão da tormenta, só desejava tomar um banho quente e descansar. A conversa ia ficar para outro dia. Ainda bem que assim decidi, se da boca nada saía, o mesmo não se podia dizer do meu rabo. E durante uma hora a sanita foi o trono da minha impotência em falar com ela!

**************************************************************************

Não consigo, vou escrever-lhe um poema.

Doce Jezebel
Recolhe de meu coração
tod'a minha admiração
do teu sabor a mel

Sempre adorei apicultoras
das quais és a que mais brilha
À noite quando te chamo filha
E levas poucas e boas

Mas nosso amor está condenado
Carrega uma cruz maligna
Que não me resigna
Não me conforma o meu phado

Se o sol hoje me ilumina eu te acuso
de seres a culpada de minha phelicidade
olha agora não sei com o que rimar mais por isso vou-te já te dizer o que ando há bué para te dizer mas ainda não arranjei coragem e daí fazer este poema. então pronto, é assim eu sou alérgico a abelhas. mas eu gosto bué de ti princesinha linda!

**************************************************************************

Ficamos juntos e felizes para sempre.

**************************************************************************

Quando fizemos 50 anos de casamento ela escreveu-me um poema

Meu velho Fernando
Tantos tempos que vem a meu lado passando
Que para sair à rua já tem de ir de bengala
E quando lhe dói a barriga não se cala!
Guardo todos estes anos com especial ternura
Na mesinha de cabeceira ao lado da tua dentadura
Bons tempos foram aqueles em que o mastro ainda levantava
O veleiro da nossa loucura, hoje já nem com viagra!
Amo-te muito e deixo-te um conselho:
Toma banho que cheiras a velho!

15 de outubro de 2012

O Gushjen foi às compras ao Trustou

O Gushjen foi às compras ao Trustou; eram 5 da tarde quando o rapazinho, a pedido da mãe, saiu de casa para comprar dois quilos de laranjas, dois quilos de arroz e três pacotes de mestifas. Passou por um padre que lhe ofereceu um chupa-chupa, o Gushjen perguntou São de coca-cola? e o padre respondeu que eram de água benta, então o Gushjen disse Não, obrigado e foi à vida dele que era ir às compras ao Trustou porque aquilo fechava às seis e já passava das cinco e meia. Quando chegou lá andava um zombie no corredor dos congelados e um vampiro no corredor dos broicentes, andavam a fazer a promoção dumas séries que davam na TV Cabo mas o Geshjen não os conhecia porque não tinha TV Cabo e desde que tinha havido a a mudança para a TDT nem os quatros canais tinha e por causa disso teve medo e mijou-se todo, e houve uma velha que viu e foi ajudá-lo, levou-o à casa de banho e limpou-o e perguntou-lhe o que ele tava ali a fazer sozinho e porque é que se tinha mijado todo, ele disse porquê e ela explicou-lhe que os zombies e os vampiros não eram a sério, que isso não existia, só nos filmes e assim e ele lá foi outra vez porque já estava quase a fechar e se ele não levasse as compras comia por cima. Na caixa foi atendido por uma gaja boa mas ele não se apercebeu porque como ainda é pequeno não repara nessas coisas, e lá foi ele à vida dele que era ir para casa antes que fosse jouter.

29 de julho de 2012

Diário de Brian

A evolução da ciência é impressionante. Hoje em dia, há especialistas capazes de reproduzir como se de um diário se tratasse os pensamentos de um cão. Isto através da análise dos seus latidos e das marcas que deixa. No entanto, os investigadores pertencem à Companhia (ver Prison Break) e esta tecnologia não está disponível para a população em geral. Apesar de tudo isto tivemos acesso a um teste efectuado a um espécime canino, Brian, um labrador bebé que recebeu o nome pelo fascinío do seu dono em Family Guy. Fiquem assim com um excerto do diário.

12 de julho de 2012
O cromo do meu dono ainda não veio passear comigo, aposto que está ainda a dormir. Vi-o chegar ontem às 6 da manhã e devia estar bêbedo porque ficou quinze minutos a falar comigo e a tentar comer o isqueiro. Agora vai dormir até às duas da tarde e eu não passeio... Hoje apetecia-me mesmo dar uma volta, a beagle do vizinho piscou-me o olho. É fofinha, o raio da cadela. No outro dia vi-a a correr atrás dum pássaro toda contente e não me contive, comecei a abanar a cauda como um maluco!

(...)

15 de julho de 2012
Que belo dia que foi hoje! O meu dono levou-me a passear e brincou comigo. Fomos ao parque e ele deixou-me levar a bola fofinha do Mac Donald's. Passámos por um yorkshire pequenino e o meu dono ficou a falar com a dona. Não gostei muito dele, não parecia nada fixe mas a dona fez-me festinhas na orelha como eu gosto. Podia namorar com o meu dono para me fazer mais festinhas!
Depois ainda tive um bocado com o meu dono no quarto dele. Fui para o colo e vi que ele pôs uma foto comigo no Facebook, fiquei logo contente mas não abanei a cauda para não parecer gay. Tinha lá muitos comentários, mas eu não percebo nada do que eles dizem. Era mais fácil escreverem tudo em au au.

(...)

17 de julho de 2012
A gaja do yorkshire veio a casa, o meu dono anda a comê-la. Não trouxe o cão e fez-me muitas festinhas na orelha outra vez. Tem as mamas pequenas mas se ele gosta dela, tá-se bem.
Vi a beagle do vizinho com um caniche. Estou destroçado.


30 de junho de 2012

Apetecia-me escrever uma cena mas não me apetece pensar muito

Assim vou só dizer algumas coisas:

Vira-se um cão para o outro:
-Au! Au!
E o outro cão foi mijar para longe

**************************************************************

Num café estavam o Paulo Portas, o Vítor Gaspar e o Passos Coelho quando de repente a luz foi abaixo.
O dono do café avisou logo:
-Cuidado com as carteiras!

**************************************************************

Ia um português, um francês e um inglês na rua.
O francês e o inglês falavam em inglês, o português não percebia o que eles diziam e foi-se embora.

**************************************************************

O primeiro-ministro preparava-se para baixar os impostos. Depois acordou.

**************************************************************

Um cagalhão diz para outro:
-Que vida de merda!

**************************************************************

O português que se tinha ido embora foi mijar a um canto.
Apareceram logo mais dois ou três.

**************************************************************

De repente ficou bué calor.
345430 pessoas assinalaram isso no mural do Facebook

**************************************************************

PS: nenhum dos portugueses lavou as mãos

14 de junho de 2012

.

Era uma vez o Carlitos. Era uma rapaz de 20 anos, natural de Chaves, a estudar direito no Porto. Um dia, emborrachou-se e apostou 100 euros na Bwin que o Varela iria marcar nos últimos 5 minutos. A Bwin foi à falência

3 de junho de 2012

Isto era meter o Nelso

Vira-se um semáforo para o outro:
-Nunca curti muito a cena do Popper se opor ao materialismo dialético. Não tenho quaisquer dúvidas que a dialética se deva estudar como ciência. Não podemos conceptualizar um mundo em que as leis do pensamento não correspondam às leis da realidade.
-Ya.
Ya, o quê?
-Concordo, man.
-Mas concordas com o quê?
-Com o que disseste.
-E não dizes nada sobre isso?
-Man, o que queres que diga?
-Não. Tá-se bem.
-Man, se eu concordo, acho que disseste tudo. Não tenho nada a acrescentar. Também nunca fui à bola com o Popper. Dialética é pensamento e realidade, ya.
-Pronto agora falaste...
-Ya mas tipo eu concordo com o que pensas.
-Ya. Pronto, agora diz tu alguma cena.
-Vem aí um carro.
-Vais deixá-lo passar?
-Parece-me um Clio. É carro de gaja, vou ficar vermelho.

Dentro do carro ia Sofia, camarada Sofia. Ouvia uma radio pirata de Beja, Estrela Vermelha FM de onde alguns camaradas mandavam bitaites. A esta hora estava a dar o Avé Lenine, um programa em que era dado um tema e as pessoas podiam ligar para dar a sua opinião. O tema da noite era o jogo da selecção e falava camarada Carlos Márcio:
-Isto só lá vai com o Nelso a titular. O rapaz é o nosso melhor avançado, ele e ó Ronaldo lá na frente davam cabo de tudo.
Seguiu-se o anúncio do 15º Convívio do PCP de Beja, a realizar-se num pavilhão desportivo da zona e a contar com feijoada e um discurso do camarada Arménio Carlos.

-Não era grande coisa, mais valia ter estado verde.
-lol
-lol?
-O que foi?
-Dizer lol é muito estúpido
-Oh.
-Oh nada. Que deficiente, man!
-Olha quem fala...
-Ya.
-Pronto tá-se bem, eu não digo mais lol e não sou mais deficiente, pode ser?
-Pode man.
-Viste o jogo de Portugal?
-Ya, espreitei ali para o café e deu para ver o jogo todo. Mas não valeu a pena, não jogamos nadinha. Se vamos a jogar assim para o Europeu, voltamos cedo.
-O Nélson Oliveira jogou?
-Ya.

PS: Há uns tempos perguntava-me no facebook se o hype da musica do telo era o pessoal a gozar ou se curtiam mesmo a música. Ontem tive a resposta a essa pergunta e as minhas expectativas confirmaram-se.
.

29 de maio de 2012

Saramago revisitado estupidamente

Tem troco de cinco euros, era o início de conversa habitual entre Pedro, taxista de 26 anos, nascido em Vila real, à procura de uma vida melhor no Porto onde vive confortável com a mulher Marisa e a amante Vera, quando calha; e Osvaldo, proprietário de um café em frente estação de Campanhã, café Foguetão onde o panike de chocolate e a meia de leite davam um colorido ao pequeno almoço. Como vai essa vida, pergunta, não preocupado com a resposta mas sim em tentar fazer conversa matinal: são 7 da manhã, ontem jogou o porto e perdeu, estão os dois aziados; Oh, cada vez pior, isto aqui não se passa nada, Osvaldo coça o bigode preocupado, cada vez menos gente, qualquer dia fecho a porta, e o taxi como vai, Não me posso queixar para já.
E ao sair do café Pedro caminhava entre as ruas, procurando o táxi, as pernas levavam-no automaticamente, cada esquina, cada passeio pertencia a uma rotina; e livre de pensar no caminho, a sua cabeça passeava pela sua vida, a mulher, a amante, queria ter uma família mas a Vera chupava tão bem! não sabia o que fazer mas não se preocupava, acreditava que iria formar no futuro opinião consciente que lhe permitisse decidir o dilema, mas não era hoje, o porto perdeu, que merda.
Para o aeroporto, firme e pausado, mostra de convicções e diplomacia: Sérgio, empresário lisboeta de visita ao porto em negócios, e o jogo de ontem, provocante e fazedor de conversa sobre bola, tema número 1 se o google trends analisasse as conversas do veículo amarelo, Nem me diga nada, este hulk só joga quando lhe apetece, e o senhor tem clube, Tenho, sou do Sporting, é uma mágoa, choro todos os dias.
Chegamos, são 20 euros, Só?, Só, Guarde o troco, 50 euros, que festa Pedro.
*******************************************************************



Essa noite Pedro desapareceu, nunca mais se ouviu falar dele, a mulher procurou-o em vão e a amante entrou em depressão, uma rapariga disse que o viu uma vez mas ninguém se acreditou nela porque tinha 2 narizes e um olho; o Sérgio ganhou no totobola porque apostou no leiria contra o sporting e depois gastou-o todo no casino e conheceu uma mulher chamada Marisa.

9 de maio de 2012

Jesus campeão? Só na Playstation

http://www.youtube.com/watch?v=krrWbl4BrhA

O ás de trunfo batido na mesa podia ditar o fim do mundo, uma destrunfadela a esta hora do jogo, podia por o Zé e o Chico fora da final do torneio de sueca de nossa senhora da agrela. A bisca seca do Zé doía-lhe, podia ler-lhe isso nos olhos. Pronunciou-se:
-O meu avô contava-me uma história:
«O fantasma do pega-monstros cor-de-rosa era assustador e a sua presença afastou os que se aproximavam do castelo por curiosidade. Um deles, ficara atrás para mijar e quando se viu sozinho jura ter visto nossa senhora a dizer-lhe para fugir!
O que tinha ficado para trás confrontou o fantasma e percebeu que afinal não era assim tão temível. Era uma noite de trovoada e nada o amedrontava tanto como isto - só o arroz de pato da cantina lhe causava efeitos tão nefastos. O fantasma chorou e explicou que o seu casamento tinha corrido mal e estava a divorciar-se no momento. Aí ele perguntou posso usar a tua casa de banho? podes! e ele lá foi.
No dia a seguir o fantasma fugiu e nunca mais se ouviu falar dele»
Mais a mais, fizeste renúnica, há bocado puxei o duque de trunfo e tu não assististe. Levam 4.
E foi assim que Zé ganhou o presunto correspondente ao primeiro prémio do torneio de sueca

8 de maio de 2012

Alzira é um nome chamativo para meretriz

A noite ia longa no matagal. Alzira, prostituta desde os 13, há muito que deixara de ser menina, ainda não é uma mulher. Estafada, termina o seu turno, a festa do título da equipa júnior de rugby da Amadora tinha dado para tarde e quem mais sofrera fora Alzira, andar novo, menos 2 kilos de barriga e os dentes lavados para três meses.
Um veado falou com ela mas o cansaço era tal que nem conseguiu perceber o que lhe dissera, nem se esforçou para tal e seguiu o seu caminho. Era duma meia de leite e duma torrada que precisava e foi com esse intuito que se dirigiu à taberna do Joaquim, ainda aberta porque tinha havido uma despedida de solteiro.
-Minha filha, não há leite nem manteiga, queres um café e um pão?
-Quero que vás para o car***o que te f**a.
Mais rápido que a sua própria sombra (esta não largou a mini), Manel, cunhado de Joaquim, sacou do revólver e enconstou-o ao pescoço de Alzira.
-Minha vaca, rebento-te já toda.
E Alzira foi-se embora, enquanto a sombra de Manel terminava a mini com um trago.
Junto à mesa de snooker, Carlos, que se casava com a filha do Fernando da funerária no dia a seguir, arrotou e com toda a calma do mundo atirou:
-Para o ano é que somos campeões, f**a-se.
E pagou a rodada ao pessoal.
Cá fora, Alzira vomitava quando um boneco palito com madeixas no cabelo lhe disse olá. Foi a última palavra da sua vida.

3 de maio de 2012

E esta cena do pingo doce?

Aqueles que consomem frequentemente a estupidez por mim aqui produzida esperavam sobre a análise que aqui seria feita àquilo que daqui por diante vamos designar (eu e o leitor) por "esta cena do pingo doce." Foram várias as análises feitas e difundidas nos últimos dias, umas, sobretudo oriundas de populares que carregavam consigo um carrinho de compras capaz de assegurar a sobrevivência da Etiópia durante um mês, assentes na vertente economicista de quem aproveitou o desconto e só lamenta que tal não ocorra com mais frequência, falando muitas vezes como juízes em causa própria, depois de terem perdido 12 kilos de bacalhau para uma sexagenária. Houve bastantes, desde o discurso operário, ao capitalista, passando por aquele que queria só comprar uma piza e assistiu ao vivo e em directo à batalha das conservas. Foram tantas, tantas, tantas, tantas que eu nem vou falar disso só para não maçar. Em vez disso vou-vos contar uma anedota.

Ia um casal de reformados gastar a reforma no pingo doce quando são atropelados por um bêbado que voltara da promoção com 50 garrafões de vinho. A mulher levanta-se e o marido permanece no chão deitado. Um jovem tenta ajudar o idoso mas a idosa dá-lhe com a bengala.
-Deixa-o estar aí que está bem. O pingo doce ao menos ainda dá 50%, esse nem 50% levanta quando está comigo!

2 de maio de 2012

hoc est stultum text

Quo vadis, Gregório? Era a pergunta que fazia a posteriori. Carpe diem era o seu lema de vida, não se podia desperdiçar tempo a perceber o que tinha acontecido. Devo-me ter emborrachado e trazido para casa umas gajas, mutatis mutandi. A namorada ia ligar-lhe provavelmente chateada e teria que fazer um mea culpa, para este noite não ficar a seco.
Um flash, foi isso, combinei com os amigos uns copos mas eles cortaram-se e pensei assim à falta de quórum espera-se meia hora, se a falta de quórum se mantiver efectua-se a reunião com os presentes e então reuni-me eu e os copos quando dei conta que liderava o número de finos bebidos daquele bar, ex aequo com Toni, o bebado do bairro. Ali morava o maior consumo de litros de cerveja per capita da cidade e eu meio entonado, contei os copos mas ao vigésimo fiquei-me por et cetera et cetera porque ainda faltavam muitos, e foi aí que quis ir para casa apelei ao meu alter ego Zuca, espírito de bebêdo com hálito a bagaço que morava em mim, e bebi um último, queria ser recordado como o ex libris da noite e pensei, aguentar-me em dois pés é condição sine qua non para ir para casa. E aí tombei, levantei-me, tombei, levantei-me, idem, idem, ibidem...

26 de abril de 2012

Não confiem em quem vos engana a dar o troco

O seu levantar descoordenado e tropeço e os olhos fulminantes à procura de um cigarro diziam quase tudo sobre a noite que tinha passado. A gorda, escondida sob os lençois - não lhe escondiam uma perna que se assemelhava a um presunto com celulite - calada, dizia o resto.
Enquanto a gélida sanita o fazia tremer e jurar nunca mais comer arroz de marisco, tentava em vão recordar-se do que havia acontecido. O que tinha feito nessa noite não sabia, o que tinha feito ali era uma obra de arte. O acaso do olhar de relance para a sanita antes de puxar o autoclismo transformou numa obra de arte aquilo que a efemeridade podia ter levado canos abaixo. Boiava sobre a água uma nossa senhora feita de merda. Milagre, diriam alguns, merda, diriam outros, não devia mandar ácidos logo de manhã, disse ele.

24 de abril de 2012

Eram praí 7 e pico

Sob o nascer do sol, que aclarou todo o vale, Emílio e Taborda abordam sentados com uma mini na mão temas variados da sociedade actual.
-A culpa disto andar assim é do Alfredo da funerária, desde que violou a filha do coveiro nunca mais foi o mesmo.
-Isso também já mo disse a Emília da pensão.
-Já viu o que aconteceu ao Tó perneta?
-Não, o que foi?
-Também não sei.
-E o nosso Rebarbadães?
-Oh num se safam este ano. O nabo do treinador emborracha-se antes do jogo e depois não sabe o que faz. Então ele mete-me o Sané a lateral quando ele é o melhor trinco da equipa? Por amor de deus, se eu mandasse já tinha sido despedido há munto.
-Oh também não é só defeitos o homem. Ele meteu na ordem o Palhuca que agora anda a correr mais.
-Pois é.
-Sabe o que lhe digo?
-A culpa disto andar assim é do Alfredo da funerária, desde que violou a filha do coveiro nunca mais foi o mesmo.
-Não diga essas coisas.
-Digo pois.
-Já viu o que aconteceu ao Tó Perneta?
-Andou a vender droga e apanharam-no.
-Isso também já mo disse a Emília da pensão.
-Oh também não é só defeitos o homem. Ele meteu na ordem o Palhuca que agora anda a correr mais.
-Isso é verdade. Ele agora limpa as ruas que é uma maravilha, antes demorava dois anos a fazer cada rua.
-Pronto então.
-E o nosso Rebarbadães?
-Vamos ser campeões, limpamos tudo.
-Não duvido!!

17 de abril de 2012

Jesus? Obviamente, demito-o

Notaram porventura a minha ausência do blog que durou cerca de sete meses. Sete foram os meses em que acreditei que o Benfica brilharia e que me foquei única e exclusivamente no futebol do glorioso. Agora que conquistamos a Taça da Liga posso voltar a concentrar-me no blog, visto que os objectivos desportivos foram atingidos com sucesso. Apresento-vos pois então Dyrk deVossen, heterónimo holandês do ribatejano Macedo Beltrano, autor de um espólio poético surrealista que surpreende os menos preparados. De escrita dura, carregada de sangue e do fardo que foi perder o namorado aos 17 anos num acidente de carro, deVossen é irregular na sua profissão. É frequente vê-lo a jogar ao chincalhão em esplanadas do centro de Amestardão, onde reside com a amante e o rinoceronte bebé que adoptou. Fiquem com dois poemas do autor que, nas suas palavras pretende "cuspir poesia nos murais do facebook".

Zakorakis
Tragédia grega se abateu
sobre os corpos
inertes
mudos
quedos
incrédulos
dos soldados
portugueses
no chão.
Das terras de Sócrates marcharam
11 soldados que não conheciam a morte
saíram vitoriosos
seis batalhas
uma guerra
uma taça.
E o Ricardo, aquele frangueiro de merda. Se não fosse ele tinhamos ganho!!!!

Pintura Demoníaca
Observo um quadro que me incomoda
Foco os olhos, carregados de terror
Dos passageiros de um Ford  Skoda
Dois faleceram, sobreviveu o condutor

Dele se dizia ser fenomenal, intransponível
Corajoso, capacitado, capaz
Abalroado numa passagem de nível
Sobre a linha do comboio jaz

A face pálida denuncia a situação
A cozinha é fria, irrespirável o ar
Um prato vazio de arroz de feijão
Motivo do óbito: intoxicação alimentar

Publicidadezinha