29 de maio de 2012

Saramago revisitado estupidamente

Tem troco de cinco euros, era o início de conversa habitual entre Pedro, taxista de 26 anos, nascido em Vila real, à procura de uma vida melhor no Porto onde vive confortável com a mulher Marisa e a amante Vera, quando calha; e Osvaldo, proprietário de um café em frente estação de Campanhã, café Foguetão onde o panike de chocolate e a meia de leite davam um colorido ao pequeno almoço. Como vai essa vida, pergunta, não preocupado com a resposta mas sim em tentar fazer conversa matinal: são 7 da manhã, ontem jogou o porto e perdeu, estão os dois aziados; Oh, cada vez pior, isto aqui não se passa nada, Osvaldo coça o bigode preocupado, cada vez menos gente, qualquer dia fecho a porta, e o taxi como vai, Não me posso queixar para já.
E ao sair do café Pedro caminhava entre as ruas, procurando o táxi, as pernas levavam-no automaticamente, cada esquina, cada passeio pertencia a uma rotina; e livre de pensar no caminho, a sua cabeça passeava pela sua vida, a mulher, a amante, queria ter uma família mas a Vera chupava tão bem! não sabia o que fazer mas não se preocupava, acreditava que iria formar no futuro opinião consciente que lhe permitisse decidir o dilema, mas não era hoje, o porto perdeu, que merda.
Para o aeroporto, firme e pausado, mostra de convicções e diplomacia: Sérgio, empresário lisboeta de visita ao porto em negócios, e o jogo de ontem, provocante e fazedor de conversa sobre bola, tema número 1 se o google trends analisasse as conversas do veículo amarelo, Nem me diga nada, este hulk só joga quando lhe apetece, e o senhor tem clube, Tenho, sou do Sporting, é uma mágoa, choro todos os dias.
Chegamos, são 20 euros, Só?, Só, Guarde o troco, 50 euros, que festa Pedro.
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Essa noite Pedro desapareceu, nunca mais se ouviu falar dele, a mulher procurou-o em vão e a amante entrou em depressão, uma rapariga disse que o viu uma vez mas ninguém se acreditou nela porque tinha 2 narizes e um olho; o Sérgio ganhou no totobola porque apostou no leiria contra o sporting e depois gastou-o todo no casino e conheceu uma mulher chamada Marisa.

9 de maio de 2012

Jesus campeão? Só na Playstation

http://www.youtube.com/watch?v=krrWbl4BrhA

O ás de trunfo batido na mesa podia ditar o fim do mundo, uma destrunfadela a esta hora do jogo, podia por o Zé e o Chico fora da final do torneio de sueca de nossa senhora da agrela. A bisca seca do Zé doía-lhe, podia ler-lhe isso nos olhos. Pronunciou-se:
-O meu avô contava-me uma história:
«O fantasma do pega-monstros cor-de-rosa era assustador e a sua presença afastou os que se aproximavam do castelo por curiosidade. Um deles, ficara atrás para mijar e quando se viu sozinho jura ter visto nossa senhora a dizer-lhe para fugir!
O que tinha ficado para trás confrontou o fantasma e percebeu que afinal não era assim tão temível. Era uma noite de trovoada e nada o amedrontava tanto como isto - só o arroz de pato da cantina lhe causava efeitos tão nefastos. O fantasma chorou e explicou que o seu casamento tinha corrido mal e estava a divorciar-se no momento. Aí ele perguntou posso usar a tua casa de banho? podes! e ele lá foi.
No dia a seguir o fantasma fugiu e nunca mais se ouviu falar dele»
Mais a mais, fizeste renúnica, há bocado puxei o duque de trunfo e tu não assististe. Levam 4.
E foi assim que Zé ganhou o presunto correspondente ao primeiro prémio do torneio de sueca

8 de maio de 2012

Alzira é um nome chamativo para meretriz

A noite ia longa no matagal. Alzira, prostituta desde os 13, há muito que deixara de ser menina, ainda não é uma mulher. Estafada, termina o seu turno, a festa do título da equipa júnior de rugby da Amadora tinha dado para tarde e quem mais sofrera fora Alzira, andar novo, menos 2 kilos de barriga e os dentes lavados para três meses.
Um veado falou com ela mas o cansaço era tal que nem conseguiu perceber o que lhe dissera, nem se esforçou para tal e seguiu o seu caminho. Era duma meia de leite e duma torrada que precisava e foi com esse intuito que se dirigiu à taberna do Joaquim, ainda aberta porque tinha havido uma despedida de solteiro.
-Minha filha, não há leite nem manteiga, queres um café e um pão?
-Quero que vás para o car***o que te f**a.
Mais rápido que a sua própria sombra (esta não largou a mini), Manel, cunhado de Joaquim, sacou do revólver e enconstou-o ao pescoço de Alzira.
-Minha vaca, rebento-te já toda.
E Alzira foi-se embora, enquanto a sombra de Manel terminava a mini com um trago.
Junto à mesa de snooker, Carlos, que se casava com a filha do Fernando da funerária no dia a seguir, arrotou e com toda a calma do mundo atirou:
-Para o ano é que somos campeões, f**a-se.
E pagou a rodada ao pessoal.
Cá fora, Alzira vomitava quando um boneco palito com madeixas no cabelo lhe disse olá. Foi a última palavra da sua vida.

3 de maio de 2012

E esta cena do pingo doce?

Aqueles que consomem frequentemente a estupidez por mim aqui produzida esperavam sobre a análise que aqui seria feita àquilo que daqui por diante vamos designar (eu e o leitor) por "esta cena do pingo doce." Foram várias as análises feitas e difundidas nos últimos dias, umas, sobretudo oriundas de populares que carregavam consigo um carrinho de compras capaz de assegurar a sobrevivência da Etiópia durante um mês, assentes na vertente economicista de quem aproveitou o desconto e só lamenta que tal não ocorra com mais frequência, falando muitas vezes como juízes em causa própria, depois de terem perdido 12 kilos de bacalhau para uma sexagenária. Houve bastantes, desde o discurso operário, ao capitalista, passando por aquele que queria só comprar uma piza e assistiu ao vivo e em directo à batalha das conservas. Foram tantas, tantas, tantas, tantas que eu nem vou falar disso só para não maçar. Em vez disso vou-vos contar uma anedota.

Ia um casal de reformados gastar a reforma no pingo doce quando são atropelados por um bêbado que voltara da promoção com 50 garrafões de vinho. A mulher levanta-se e o marido permanece no chão deitado. Um jovem tenta ajudar o idoso mas a idosa dá-lhe com a bengala.
-Deixa-o estar aí que está bem. O pingo doce ao menos ainda dá 50%, esse nem 50% levanta quando está comigo!

2 de maio de 2012

hoc est stultum text

Quo vadis, Gregório? Era a pergunta que fazia a posteriori. Carpe diem era o seu lema de vida, não se podia desperdiçar tempo a perceber o que tinha acontecido. Devo-me ter emborrachado e trazido para casa umas gajas, mutatis mutandi. A namorada ia ligar-lhe provavelmente chateada e teria que fazer um mea culpa, para este noite não ficar a seco.
Um flash, foi isso, combinei com os amigos uns copos mas eles cortaram-se e pensei assim à falta de quórum espera-se meia hora, se a falta de quórum se mantiver efectua-se a reunião com os presentes e então reuni-me eu e os copos quando dei conta que liderava o número de finos bebidos daquele bar, ex aequo com Toni, o bebado do bairro. Ali morava o maior consumo de litros de cerveja per capita da cidade e eu meio entonado, contei os copos mas ao vigésimo fiquei-me por et cetera et cetera porque ainda faltavam muitos, e foi aí que quis ir para casa apelei ao meu alter ego Zuca, espírito de bebêdo com hálito a bagaço que morava em mim, e bebi um último, queria ser recordado como o ex libris da noite e pensei, aguentar-me em dois pés é condição sine qua non para ir para casa. E aí tombei, levantei-me, tombei, levantei-me, idem, idem, ibidem...

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